
Não.Ou, ao menos, nem sempre. Celio Bermann, professor de pós-graduação em Energia do Instituto de Eletrotécnica e Energia da USP, em entrevista concedida a Manuela Azenha, publicada em 2010, no VIOMUNDO, desmistifica os benefícios de o Brasil aproveitar o potencial energético dos rios da região Amazônica:
Estudos mostraram que Balbina, Tucuruí e Samuel, as três maiores hidrelétricas construídas na região amazônica até agora, emitem gases de efeito estufa mais ou na mesma proporção que usinas a carvão mineral.
Isso pode parecer uma surpresa, mas nos primeiros dez anos de operação de uma usina da Amazônia, a matéria orgânica, a mata, ela apodrece porque a água a deixa encoberta permanentemente. E o processo de apodrecimento é muito forte, acidifica a água e emite metano, que é um gás 21 vezes mais forte que o gás carbônico, principal gás do efeito estufa.
Isso é conhecido pela ciência mas não é considerado porque não é de interesse de quem concebe essas usinas. O que interessa é a grande quantidade de dinheiro que vai ser repassado para as empresas construtoras de barragens, turbinas e geradores.
O restante, o problema ambiental, as populações que serão expulsas, a cultura indígena que está sendo desconsiderada, isso não entra na conta.
Quais seriam então as alternativas de geração de energia? Para o Professor, em pequena escala serviria energia solar, dos ventos, dos resíduos agrícolas.
Essas alternativas a deveriam ser multiplicadas na sua escala. Alegam que essas energias alternativas são caras mas se a gente considera a hidroeletricidade com todos os problemas e com todos seus custos, elas passam a ser viáveis, e passam a potencialmente poder compor a cesta energética brasileira.
Existe uma falsa questão na hidroeletricidade quando ela é comparada apenas aos combustíveis fósseis. Uma usina hidrelétrica dura até 100 anos. Nos EUA, quando as hidrelétricas já não funcionam mais, estão tentando recuperar a vida do rio.
A vida do rio morre com a usina hidrelétrica. A água que corria agora fica parada, aumenta sua acidez, diminui o oxigênio, no lago começam a formar macrófitas (algas). São evidências de que a coisa não está indo no bom caminho se a gente pensa a longo prazo.
Fonte: VIOMUNDO